terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Uma jornalista alemã denuncia: os cartolas da F-1 mandaram o piloto “esquecer a segurança”

Foto: Autogramm



Ayrton Senna
A vítima da máquina

Piloto de fama internacional, empresário, homem público, herói – Ayrton Senna teve, ao longo de sua carreira, a vida esmiuçada por repórteres de todo o mundo. Há ainda alguma coisa a dizer sobre ele que interesse a seus fãs? Há. E muita.

No seu livro Ayrton Senna – sua Vitória, seu legado, que acaba de ser lançado no Brasil (Ed. Record), a jornalista alemã Karin Sturm joga novas luzes sobre a fascinante personalidade do imbatível campeão da Fórmula-1, morto no dia 1º de maio do ano passado em Ímola, Itália.

Especializada em Fórmula-1, Karin acompanhou durante dez anos a carreira do piloto em pistas de todo o mundo.

Seu livro – edição de luxo imprensa na Alemanha em papel couchê e com dezenas de fotos em cores – começa ali, onde acaba a vida de Senna. Ele ficara bastante abalado com o acidente envolvendo seu amigo Rubens Barrichello e com a morte de Roland Ratzenberger, na véspera, durante os treinos. Esteve pessoalmente nos locais dos acidentes querendo saber, em primeira mão, como tinham, de fato, acontecido. Os cartolas da Fórmula-1 não gostaram.

Para pressiona-lo a enquadrar-se e a concentrar-se na corrida, os stewarts of the meeting, comissários da prova, lhe mandaram uma advertência por escrito, avisando que lugar de piloto era no boxe. Cabia apenas ao responsável pela segurança preocupar-se com acidentes. Senna era, de fato, um piloto diferente dos outros.

“Além de dedicar-se à velocidade, ele também sabia o que se passava fora do circo da Fórmula-1”, diz Karin. “Só aturava a cartolagem porque não conseguia viver fora das pistas.” Numa profissão caracterizada pela competição feroz, ele acabou conquistando a simpatia e o respeito de rivais os quais deveria, conforme os padrões comportamentais da Fórmula-1, apenas odiar.

Berger: “Ele estava acima da gente”

É o caso de Gerhard Berger, que assina o prefácio do livro. Escreve ele: “Seguramente há ainda hoje muitos na Fórmula-1 que acham que poderiam ter derrotado Senna. Tudo que posso dizer disso é: que pena, eles não têm idéia da distância a que estavam de Senna. Tive a felicidade de conhece-lo suficientemente bem para fazer esta avaliação.”

“Ele estava simplesmente dois ou três degraus acima de nós todos”, afirma em outro trecho Berger, com surpreendente humildade.

Segundo Karin, Senna desinteressou-se pela ex-namorada Xuxa porque ela deu declarações aos jornais sobre o namoro dos dois: “Outros pilotos gostavam de falar sobre cada noite, em cada cidade diferente, em uma garota diferente. Para Senna, era ruim quando qualquer história dessas se espalhava.”

Outro potin diz respeito à modelo Marcella Prado, que anunciou, em 1993, estar esperando um filho do piloto. Quando Senna soube da gravidez de Marcella, comentou: “Não pode ser! Mas se for menino, pode se chamar Alain.” Referia-se certamente, a Alain Prost, seu antigo desafeto na Fórmula-1, com o qual, aliás, se reconciliaria pouco antes de morrer. Depois disso, Senna falou a sério com seu amigo Gerd Krämer: “Se houvesse a menor possibilidade de ser meu filho, eu faria os testes imediatamente. E, se fosse meu filho, é claro que o assumiria. Mas não é o caso.”


Segundo Karin, a namorada que Senna assumiu realmente foi Adriane Galisteu. Na véspera do acidente o piloto telefonou para ela, de Ímola, e disse: “Estou com um pressentimento muito ruim em relação a essa corrida, preferia não participar.” É o que todos gostariam que tivesse acontecido.

Ayrton Senna só assumiu de verdade Adriane Galisteu






FONTE PESQUISADA

Ayrton Senna: A vítima da máquina. Manchete, Rio de Janeiro, nº 2234, 28 de janeiro 1995.

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